Governança corporativa: importância, objetivos e como implantar nas empresas

Quer entender melhor o que é governança corporativa e como aplicar esse conceito na sua empresa?

Essa é uma excelente medida.

Conceito em alta no universo empreendedor, a governança corporativa vem para organizar e sistematizar todas aquelas práticas que, muitas vezes, já fazem parte da rotina do negócio.

Termos como transparência, agilidade, processos e qualidade costumam surgir sempre que o tema é trazido para debate. 

Não por acaso, há quem defina a governança corporativa como uma forma de colocar ordem na casa – o que reflete também no modo como a empresa é vista no mercado

Então, se você ainda não está totalmente familiarizado com o termo e as suas aplicações, não deixe de nos acompanhar ao longo do artigo.

Além de esmiuçar esse conceito, vamos trazer cases de empresas reconhecidas pela capacidade de aplicar e desenvolver as melhores práticas de governança corporativa.

Ficou interessado?

Siga a leitura.

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Governança corporativa: o que é?

Governança corporativa é o conjunto de diretrizes que norteia a gestão de uma empresa

Isso inclui o relacionamento construído entre os sócios, diretoria, órgãos de controle e fiscalização, conselho administrativo e demais partes interessadas.

Sabe aqueles princípios básicos para o funcionamento de qualquer negócio? 

Com a governança corporativa, eles são transformados em recomendações objetivas, capazes de promover uma qualificação real no modo como a gestão do empreendimento é compreendida e aplicada.

De maneira resumida, ela pode ser encarada como um conjunto de costumes, processos e leis que vão guiar a maneira como a organização é administrada. 

Qual a diferença entre governança corporativa e compliance

Ao falar em governança corporativa, você certamente também já ouviu o termo “compliance”, não é mesmo?

Na realidade brasileira, marcada por sucessivos por escândalos de corrupção, a palavra ganhou destaque nos últimos anos. 

Ao olhar para a origem da expressão, derivada do verbo “to comply”, já fica mais fácil entender o significado de compliance: agir de acordo com as regras. 

Mas ainda que o conceito tenha tudo a ver com o combate à corrupção, ele não se resume a isso. 

Também estamos falando de obrigações ambientais, trabalhistas e tributárias, além de aspectos éticos e legais.

Depois dessas informações todas, você pode estar pensando qual é, afinal de contas, a diferença entre governança corporativa e compliance.

Enquanto o primeiro diz respeito ao modo como um negócio é administrado, o segundo é uma forma de garantir que a gestão siga as normas vigentes. 

A verdade é que, inclusive, ambos surgem como aliados. 

As práticas de governança abarcam um universo maior e servem para ajudar a empresa a construir um modelo de compromisso com a transparência, a ética e as melhores práticas de gestão.

O compliance surge como uma extensão, pensada para garantir que todas as normas sejam respeitadas.

Qual o objetivo da governança corporativa?

Alcançar o melhor desempenho com o menor aporte de recursos é o sonho de qualquer empreendedor, não é mesmo?

Pois saiba que as práticas de governança são uma boa forma de chegar lá. 

Afinal, seu principal objetivo é garantir a confiabilidade da empresa diante de seus stakeholders

Quando isso acontece, fica muito mais fácil atrair investidores e permitir que o negócio alcance um desenvolvimento sustentável. 

Isso porque as boas práticas adotadas envolvem mecanismos que ajudam a prevenir e a expor situações de abuso de poder, fraudes ou simples erros que poderiam custar caro se não fossem identificados.

Como funciona a governança corporativa

Com base nas informações acima, não é difícil imaginar que uma das marcas da governança corporativa seja a descentralização. 

Ou seja, toda a gestão é vista de perto por um conselho administrativo ou por diretorias temáticas, responsáveis por acompanhar as ações e o desempenho de cada área. 

O intuito é permitir que o poder de decisão saia das mãos de uma só pessoa e passe a ser compartilhado, de forma a estabelecer novas relações internas e maior transparência.

Há ainda a figura do conselho fiscal, responsável por fiscalizar as ações dos administradores e verificar se os deveres estatutários e legais estão sendo devidamente cumpridos. 

Funciona como uma representação dos sócios, investidores ou acionistas, dependendo do tipo de empresa.

É preciso considerar ainda a presença de uma auditoria externa, que vai ser responsável por aplicar a sua metodologia e analisar a situação da empresa, construindo um relatório completo. 

Qual a importância da governança corporativa?

Manter uma rotina organizada por processos bem definidos é item fundamental para qualquer negócio que queira crescer de maneira sustentável. 

A importância da governança corporativa está justamente na sua capacidade de definir regras capazes de dar sentido à rotina da empresa. 

Sabe aqueles impasses que tendem a surgir na hora de tomar uma decisão importante, como de quem é a palavra final? 

Esse é o tipo de situação que se busca evitar. 

Isso vale para qualquer definição necessária, seja o início de um novo e desafiador projeto ou mesmo o redirecionamento de recursos e esforços. 

E qual é a relevância de tudo isso? 

Mais uma vez, voltamos ao sentimento de confiabilidade: é sobre criar um ambiente favorável ao desenvolvimento do negócio, tanto interna quanto externamente.

Princípios básicos da governança corporativa

Para que a governança corporativa não seja apenas mais um conceito e possa se transformar em prática, é importante que as empresas se guiem por quatro pilares: transparência, equidade, prestação de contas e responsabilidade corporativa. 

Vamos ver o que cada um deles significa?

Transparência

Está ligada à ideia de que todos aqueles que estão envolvidos no negócio devem ter informações claras e precisas sobre as decisões tomadas e sobre os processos internos. 

Equidade

Independente do nível hierárquico ocupado, esse princípio prevê que todos os membros da organização devem receber um tratamento igualitário e justo. 

Prestação de contas

A prestação de contas diz respeito ao retorno que todos devem dar sobre as próprias decisões e atos, assumindo a responsabilidade por suas ações. 

Responsabilidade corporativa

A responsabilidade corporativa considera que a empresa deve estar sempre atenta ao papel socioambiental que ocupa, o que deve se refletir em ações. 

Isso significa, inclusive, incentivar o uso responsável de recursos, pensando em opções mais sustentáveis para o meio ambiente. 

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Ética e governança corporativa

A ética empresarial representa o conjunto de valores que compõem a filosofia de um empreendimento. 

São os princípios que vão nortear a atuação dos colaboradores, a relação da própria empresa com os seus públicos e também a tomada de decisões por parte dos administradores.

Em palestra realizada durante congresso, Lélio Lauretti, fundador e instrutor do IBGC, definiu a governança corporativa como “a continuidade do trabalho da gestão empresarial acrescido de princípios éticos”.

Para ele, a ética se manifesta justamente nos princípios defendidos pela governança.

A transparência, por exemplo, incentiva que a corrupção seja combatida por todos.

A equidade, considera Lauretti, se desenvolve a partir da meritocracia.

Já a prestação de contas representa um direito dos acionistas e investidores, algo que precisa ser exercido e trabalhado.

Por fim, a responsabilidade corporativa vai se refletir no impacto que as atividades da empresa vão gerar no meio ambiente.

Ou seja, a própria base da governança corporativa está interligada com a ética, o que as torna indissociáveis.

Empresas com governança corporativa no Brasil

Em sua quinta edição no Brasil, um estudo do Monitor Empresarial de Reputación Corporativa (Merco) mapeou os destaques nacionais quando o assunto é responsabilidade e governança corporativa.

Os dados mais recentes, de 2018, colocam o setor de cosméticos e perfumaria em destaque: na primeira posição aparece a Natura, enquanto o segundo lugar é ocupado pelo Grupo Boticário.

Na terceira colocação, aparece o Itaú-Unibanco, seguido por Ambev e Google.

Chama a atenção que, entre as dez primeiras colocadas do ranking, cinco são empresas com origem nacional.

Empresas como a Petrobras e Vale, que ocupavam o segundo e o terceiro lugar em 2013, respectivamente, caíram para a 76ª e a 57ª posições.

No caso da Petrobras, o principal motivo da queda abrupta não é difícil de identificar: o envolvimento do nome da empresa em esquemas de corrupção que ganharam manchetes no mundo inteiro nos últimos anos.

No caso da Vale, a perda de espaço entre as primeiras colocações começou após o rompimento de uma barragem com rejeitos de minério ter devastado a cidade de Mariana, em Minas Gerais.

Com o novo desastre ocorrido em 2019, dessa vez em Brumadinho, a expectativa é que a empresa caia ainda mais no próximo ranking – afinal, o pilar de responsabilidade corporativa não parece ter sido revisto de forma efetiva depois do primeiro incidente.

Como implantar a governança corporativa nas empresas

A Natura, por outro lado, mostra que a sustentabilidade é um pilar que permeia todo o seu modelo de governança. 

A empresa ocupou o topo do ranking da Merco nas cinco edições já realizadas do estudo.

A preocupação da marca de perfumaria e cosmética com a governança corporativa tem se intensificado desde 2004, quando ocorreu a abertura de capital e a adesão ao Novo Mercado da B3, a bolsa de valores de São Paulo. 

Não por acaso, ela serve como inspiração para os negócios que desejam adotar práticas de governança corporativa.

A seguir, veja alguns exemplos de como essa estruturação funciona na empresa. 

Governança corporativa: melhores práticas

A estrutura adotada pela Natura é peça-chave para o funcionamento do negócio.

O Conselho de de Administração conta com quatro núcleos auxiliares para a avaliação de temas estratégicos. São eles:

  • Comitê Estratégico
  • Comitê de Governança Corporativa
  • Comitê de Pessoas e Desenvolvimento Organizacional
  • Comitê de Auditoria, Gestão de Riscos e Finanças.

Há ainda um Comitê Executivo, que se reporta ao Conselho de Administração, e que se subdivide em três regionais: Brasil, América Latina e Internacional.

São eles os responsáveis por analisar as iniciativas de sustentabilidade, gestão da marca e produtos.

O pilar da sustentabilidade, aliás, foi fundamental para o reconhecimento obtido pela empresa não só no Brasil, mas também no exterior.

O foco está na defesa do uso de insumos da biodiversidade brasileira que impõem o mínimo de impacto para o meio ambiente, dando protagonismo às comunidades locais.

Ao pensar nas fórmulas de novos produtos, há um incentivo à utilização de produtos de origem vegetal, evitando aqueles de origem animal, mineral ou sintética.

Além disso, a Natura incentiva que todos os seus fornecedores passem por processos de autoavaliação em termos de qualidade e responsabilidade social.

Todas essas são ações que mostram a capacidade da empresa de inovar e agregar valor de maneira consciente.

Ou seja, aliam questões de ordem econômica, ambiental e também social ao longo de toda a sua cadeia produtiva.

Como aplicar a governança corporativa na gestão

Ainda que, quando se trata de governança corporativa, o mais comum seja pensar em companhias de capital aberto, esse modelo não fica restrito a elas.

Embora os desafios sejam diferentes, até pequenas empresas podem se beneficiar das práticas.

Pensando nisso, aproveite para conferir algumas dicas de como promover uma mudança de cultura que permita a aplicação da governança corporativa no seu negócio.

Defina uma hierarquia eficiente

Todos os colaboradores precisam saber exatamente a quem respondem, para que seja possível organizar as suas atividades e definir prioridades.

Ao receber demandas de todos os lados, sem um controle muito claro, o tempo pode acabar não sendo aproveitado da melhor forma possível. 

Faça reuniões de acompanhamento de projetos

Para que a governança seja posta em prática, é importante marcar reuniões periódicas para reunir o Conselho Administrativo, os sócios e também as equipes. 

A ideia é que todos estejam atualizados do que está acontecendo e possam dar sua opinião sobre os projetos em andamento e também em relação ao futuro.

Para garantir mais transparência, é importante manter um registro de cada um desses encontros, que pode ser feito em formato de ata. 

Otimize os processos financeiros

Garantir que a área financeira tenha processos claros e bem construídos ajuda a poupar tempo para dedicar às questões estratégicas da empresa, buscando soluções e adaptações. 

Fortaleça as lideranças

Para que tudo isso aconteça da melhor forma possível, no entanto, é importante contar com lideranças capazes de motivar e conduzir as equipes por esse caminho. 

Afinal, um momento de mudanças pode gerar incertezas entre os colaboradores, que tendem a ficar reticentes. 

Nessa hora, vale a pena contar com alguém que sabe se comunicar e é transparente ao transmitir informações para a equipe.

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Conclusão

Pronto, chegamos ao fim do artigo sobre governança corporativa, uma chance de perceber como esse modelo pode fazer a diferença no universo dos negócios.

Mais do que tendências, todas essas práticas vieram para ficar.

Sobretudo, elas exigem profissionais altamente qualificados, capazes de inovar em termos de gestão e propor soluções que agreguem valor aos processos, às rotinas e às diretrizes que vão guiar a empresa rumo ao sucesso.

Se você se interessa em avançar ainda mais nessa jornada, aproveite para acessar o site da AIEC e conhecer os cursos disponíveis. 

Eles foram pensados para formar líderes com capacidade empreendedora e prontos para competir em um mercado globalizado.

E você, como pretende implementar a governança corporativa na sua empresa?

Deixe um comentário contando os seus planos e as perspectivas dessa mudança para o seu negócio.

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